segunda-feira, 5 de setembro de 2016

FIRST IMPRESSIONS // STRANGER THINGS




Lembro-me desde sempre de ter um fraquinho pelo género do terror e ao longo dos anos fui desenvolvendo esta esta ideia de que não é fácil fazer um bom horror movie. Uma boa história é fundamental, independentemente do género, mas aqui sinto que pouco se inova, recorrendo-se mais clichés. Por isso, tendo a encarar as novidades neste campo com um misto de curiosidade e ceticismo.


Assim, foi com expectativas moderadas que me aventurei pela “Stranger Things”, uma websérie de suspense, ficção científica e terror criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer. And... so far so good. Não é uma série que nos faça saltar do sofá, mas embala-nos ao ponto de querermos ver o próximo episódio para saber o que irá acontecer. E embora a exploração psicológica das personagens seja um pouco superficial – encontramos alguns estereótipos comuns, sobretudo nos adolescentes –, é também um mimo para os fãs dos filmes de terror da geração de 80; eu pelo menos não consegui evitar recordar-me da protagonista do Pesadelo em Helm Street, Nancy, curiosamente com o mesmo nome de uma das personagens principais do Stranger Things. Nem resistir àquele cheirinho a old X-Files, que começa no título da série e prolonga-se em várias referências durante a história. E como ficar indiferente a Wynona Ryder, que me transporta sempre ao universo fantástico do Eduardo Mãos-de-Tesoura? O nome da atriz é o primeiro a surgir num genérico simples e bem conseguido, que nos sintoniza logo numa atmosfera eighties. Apesar de retro, a série acaba por ser refrescante, pela inovação que é ver o terror e o fantástico neste formato.

Destaque ainda para as personagens infantis, quanto a mim as mais “reais” do enredo, cuja dinâmica dá uma certeza leveza à série e contribui para nos ligar emocionalmente à história, sem que se caia excessivamente no lado cheesy.

Boas expectativas para os próximos capítulos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

REVIEW // HALT AND CATCH FIRE




Classificação: 9/10

De vez em quando surge uma série underrated. Longe de lançar confetis por ter descoberto um tesouro secreto, fico apreensiva e rezo para que o mundo perceba o que é claro para mim: que a série é excelente, já que os números ditam o investimento numa nova temporada ou o seu corte, normalmente definitivo.

Halt and Catch Fire é um exemplo perfeito da categoria “que série tão fixe, como é que não anda meio mundo a falar dela?”. Tem como pano de fundo a informática e consegue ser uma série dramática de topo, pela forma como explora um dos últimos e mais rápidos progressos da Humanidade e a nossa curiosidade e perseverança em encontrar soluções e em descobrir novas formas de comunicação.

Ao mesmo tempo, a envolvência emocional com as personagens, com um mais que bem-vindo elemento surpresa, que nos mantém sempre on the edge of our seats.

A série foca quatro personagens – Joe, Cameron, Gordon e Donna –, cada uma com uma característica única, um talento capaz de as elevar imensamente, mas também de fazer emergir o seu lado mais negro e (auto)destrutivo. Complexas e profundas, têm todas um papel crucial no desenrolar do plot. À medida que os episódios se sucedem, vamos percebendo que, apesar de cada uma ser especial à sua maneira, é quando trabalham em conjunto que a magia acontece – mas também os conflitos, que muitas vezes levam à rutura.

Destaco tudo o que é importante e que faz uma série brilhar: o argumento, os diálogos, a densidade psicológica das personagens, o elemento surpresa, a alternância entre momentos dramáticos e de humor, e a própria solidez da série, que vai já na 3.ª temporada e continua a manter níveis elevados de qualidade, sem episódios “para encher chouriços”.

Para quem nasceu antes da década de 90, ver alguns episódios é regressar no tempo às primeiras vezes em que comunicámos online (e o incrível que isso era), acedemos a uma música e até ao ruído do modem a ligar, num tempo em que se contavam e aproveitavam preciosamente todos os minutos na net.

Sem dúvida inspiradora para todos aqueles que se maravilham com o progresso, com a superação pessoal e com as coisas incríveis que conseguimos criar quando nos unimos em torno de um sonho.