Classificação: 9/10
De vez em quando surge uma série underrated. Longe de lançar confetis por ter descoberto um tesouro secreto, fico apreensiva e rezo para que o mundo perceba o que é claro para mim: que a série é excelente, já que os números ditam o investimento numa nova temporada ou o seu corte, normalmente definitivo.
Halt and Catch Fire é um exemplo perfeito da categoria “que série tão fixe, como é que não anda meio mundo a falar dela?”. Tem como pano de fundo a informática e consegue ser uma série dramática de topo, pela forma como explora um dos últimos e mais rápidos progressos da Humanidade e a nossa curiosidade e perseverança em encontrar soluções e em descobrir novas formas de comunicação.
Ao mesmo tempo, a envolvência emocional com as personagens,
com um mais que bem-vindo elemento surpresa, que nos mantém sempre on the edge of our
seats.
A série foca quatro personagens – Joe, Cameron, Gordon e
Donna –, cada uma com uma característica única, um talento capaz de as elevar
imensamente, mas também de fazer emergir o seu lado mais negro e
(auto)destrutivo. Complexas e profundas, têm todas um papel crucial no desenrolar do plot. À medida que os episódios se
sucedem, vamos percebendo que, apesar de cada uma ser especial à sua maneira,
é quando trabalham em conjunto que a magia acontece – mas também os conflitos, que muitas vezes levam à rutura.
Destaco tudo o que é importante e que faz uma série brilhar: o
argumento, os diálogos, a densidade psicológica das personagens, o elemento surpresa, a alternância entre momentos dramáticos e de humor, e a própria solidez da série, que vai já na 3.ª temporada e continua a manter
níveis elevados de qualidade, sem episódios “para
encher chouriços”.
Para quem nasceu antes da década de 90, ver alguns episódios é regressar no tempo às primeiras vezes em que comunicámos online (e o incrível que isso era), acedemos a uma música e até ao ruído do modem a ligar, num tempo em que se contavam e aproveitavam
preciosamente todos os minutos na net.
Sem dúvida inspiradora para todos
aqueles que se maravilham com o progresso, com a superação pessoal e com as
coisas incríveis que conseguimos criar quando nos unimos em torno de um sonho.