quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

SABES QUE É AMOR...



...quando, numa sala de espera de um consultório, há um piano branco que começa a tocar sozinho e, ao veres o movimento das teclas, o teu primeiro pensamento é: WESTWORLD!

Olhas em volta, tudo igual: duas mulheres conversam, um homem não desviou os olhos da revista, outros continuam ligados ao smarphone. Estás ainda fascinada com o som da música que emana do piano, quando decides partilhar por mensagem: "Há um piano na sala de espera e começou agora a tocar sozinho!"

A reação do outro lado surge segundos depois: "Westworld!"

Sorris para ti própria. Não estás sozinha.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

LOST AFFAIR


The survivors of a plane crash are forced to work together in order to survive on a seemingly deserted tropical island.



Esta era a premissa anunciada pela RTP em 2004, daquela que se tornaria uma das mais inovadoras e fantásticas séries de sempre.

Há quem tenha gostado incondicionalmente, quem amasse primeiro e se desencantasse a meio (ou no fim) e quem nunca tenha gostado.

Lost tem incongruências e deixa inúmeras pontas soltas. Mas para mim foi amor. Até mesmo o final, que tanta gente desiludiu (e eu assisti lavada em lágrimas, aha!), achei maravilhoso.

Foi a primeira série que me conquistou o coração, que me fez esperar em pulgas pelo episódio seguinte, emocionar-me com a banda sonora, que me levou a desenvolver e a discutir teorias com outros seguidores, e que me fez apaixonar por uma quantidade – na altura incrível – de personagens, que evoluíam com o desenrolar do plot. Kate, Jack, Sawyer, Charlie, Sayid, Julie, Desmond e tantos outros.

Acho que foi das primeiras séries a quebrar regras e a abanar certezas até então existentes – tipo, pessoas que sabemos que nunca vão morrer e coisas que achamos que nunca poderão acontecer. Viagens no tempo, fantasmas, experiências científicas, poderes mágicos da ilha – ali tudo era possível, foi realmente fora da caixa para a época.

Volvidos estes anos, ainda apetece dizer: See ya in another life, brotha! :)




terça-feira, 22 de novembro de 2016

WENT TO THE MOVIES // RACE






Race (2016) conta a história do norte-americano Jesse Owens, um dos maiores atletas (se não o maior) de todos os tempos, que se consagrou nos famosos Jogos Olímpicos de 1936 - os Jogos de Hitler.

O significado da conquista de Jesse Owens é imenso, porque é também o da vitória sobre o racismo, de que foi alvo desde cedo no seu país de origem, e sobre as condições socioeconómicas desfavoráveis, que não o impediram de lutar. Lembra-nos que o desporto é qualquer coisa de maior - entre outras coisas, por deitar por terra todo e qualquer argumento sobre raças "puras" e superiores.

Gosto sempre destes filmes que produzem um certo efeito expansivo, levando-nos a explorar mais os temas ou as épocas que abordam. Nos dias seguintes, acabei por ver um documentário sobre a 2.ª Guerra Mundial e o filme "Reich" (que recomendo!).

Algumas particulares que me apaixonaram no filme: o empenho do treinador (também ele numa batalha pessoal) e o fair play nos Jogos Olímpicos por parte do maior adversário de Jesse Owens, que era alemão.

Race vale pela história, que é verídica e inspiradora, e pelo facto de a mesma estar bem contada (conduz-nos de forma cativante, desde o início). Pessoalmente, senti falta de uma certa apoteose na última parte do filme. Penso que os momentos das vitórias do Jesse Owens podiam estar mais bem trabalhados, mais cinematográficos até, porque são absolutamente históricos, únicos e grandiosos. E isso associado a uma maior elevação do protagonista, comparativamente até a outras personagens, que acredito terem o destaque merecido, contudo Jesse Owens foi - e é - um herói maior, por tudo o que conseguiu e pelo tanto que isso, ainda hoje, significa.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

WENT TO THE MOVIES // HACKSAW RIDGE





With the world so set on tearing itself apart, it don’t seem like such a bad thing to me to want to put a little bit of it back together.


Muito do que consideramos ser um bom filme tem a ver connosco. A história, que nos diz alguma coisa. Aquela personagem com a qual nos identificamos, ou em que identificamos outros, muitas vezes sem termos noção. As nossas expectativas, o nosso estado emocional, o nosso momento presente.

Fui ver Hacksaw Ridge e saí do cinema de alma cheia, no final de uma semana marcada por acontecimentos – as eleições nos EUA e o desaparecimento de um artista que me diz muito -, mas penso que, ainda assim, o efeito do filme seria sempre avassalador.

Hacksaw Ridge conta a história verídica de Desmond Toss, que ingressou voluntariamente no Exército dos EUA, exercendo o seu direito em não usar armas, com base em crenças pessoais/ religiosas. Desmond foi o primeiro militar, nestas condições, a ganhar a Medalha de Honra pelos atos de coragem e compaixão que revelou durante a 2.ª Guerra Mundial.

É um filme inspirador e tocante, que nos mostra o que uma só pessoa consegue fazer, quando é feita de coragem, integridade, paixão, altruísmo e generosidade, mesmo sem (mais) poderes especiais (curiosamente, o ator fez também de Homem-Aranha).

Não dei pelo tempo passar, o que é mérito da realização de Mel Gibson, assim como cenas mais difíceis, que achei bastante credíveis.

Uma última nota positiva, de versatilidade e carisma, para Andrew Russell Garfield, o ator que é também o amigo de Mark Zuckerberg em The Social Network (2010).

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

LET DOWN // DEXTER




Sabem aquelas perdas ou más experiências pelas quais passamos, em que precisamos de algum tempo para digerir antes de conseguirmos finalmente falar, sem mágoa ou raiva, sobre o assunto?

Chegou o momento de eu falar sobre o Dexter.

First things first. Há séries que começamos a ver e decidimos não continuar, porque começam tão mal que não valem a pena o nosso tempo (ou simplesmente percebemos que nos despertam interesse). Há as que vemos até ao fim, mesmo achando que algumas temporadas são mais fraquinhas ou até que o final nos desiludiu um pouco. Tudo bem, life goes on.

Mas depois há outras que deixam marca. Séries que têm o condão de fazer emergir emoções negativas de cada vez que as trazemos à mente. De pensarmos em todas as horas que passámos juntas, os laços criados, as expectativas geradas, o difícil processo de aceitação de que o fim teria que chegar, não necessariamente um final feliz, mas ao menos decente, digno...não. E aí é que está.

Uma história original, uma personagem diferente e cativante com o seu dark passenger (como não ter um fraquinho por um serial killer que direciona os seus instintos homicidas para os maus da fita?). Uma sucessão de temporadas flawless (ok, aí até à 3.ª), uma relação de anos - e para quê? Para culminar, provavelmente, na pior última temporada de sempre e, em particular, no pior último episódio de SEMPRE, uma coisa tão ridícula e mal feita a todos os níveis (argumento, diálogos, desempenhos, realização/cenas), que não tem explicação nem paralelo com o historial da série.

Estamos apenas a falar de uma série, mas lembro-me de ler opiniões inflamadas de fãs que se sentiam verdadeiramente defraudados e quase enraivecidos. Por isso um alerta aos escritores: não brinquem com os nossos sentimentos, está bem?

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

QUESTÃO // É POSSÍVEL UMA SÉRIE "IR LONGE DEMAIS"?




Há dias li uma opinião sobre Hannibal, segundo a qual a série teria ido longe demais, o que ditou a quedas na popularidade e o consequente cancelamento.

Embora não tenha sentido isto em relação a Hannibal, achei curioso ter experimentado algo semelhante com um episódio do The Walking Dead - que, já longe de ser uma "série de zombies", assumiu-se como uma verdadeira série dramática, explorando como poucas a natureza humana em estados limite e conseguindo evoluir a cada temporada.

Tendo-nos habituado a níveis de tensão elevados, percebo que os escritores precisem de arriscar, mas confesso que num dos últimos episódios (The day will come when you won't be) senti-me particularmente chocada e horrorizada, e dei por mim a dizer, precisamente, "Acho que foram um pouco longe demais", tal o nível de trauma e violência a que as personagens foram sujeitas. E não consegui deixar de me questionar como é que vão recuperar e como é que a própria série evolui, coerentemente, daqui para a frente.

Mas The Walking Dead tem conseguido surpreender e estou expectante que o possa fazer uma vez mais.

Ainda assim, a questão permanece: é possível uma série ir longe demais?

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

FIRST IMPRESSIONS // WESTWORLD




Há séries de que gostamos não obstante o tema e há outras de que começamos a gostar, ainda antes do primeiro episódio, por causa do tema. Algumas das minhas séries favoritas abordam temáticas que não me dizem muito, como o narcotráfico ou o mundo da informática (The Wire, Narcos, Halt and Catch Fire,...), o que me faz pensar que é algo secundário às dinâmicas e jornadas pessoais das personagens.

Mas não desvalorizo a importância do tema; aliás, há temas que nos dizem tanto que são eles que nos conduzem a uma série, que nos levam a escolhê-la, entre tantas, e a segui-la, desde o início, com uma atenção especial.

Assim cheguei a Westworld, que abre as portas para um parque de diversões de um futuro não necessariamente distante, habitado por seres com inteligência artificial, que mimetizam seres humanos reais, com histórias, "personalidades" e percursos de vida desenhados pelos seus criadores.

Para além das questões que sempre me fascinaram - tão bem exploradas em filmes como Blade Runner, A.I. Artificial Intelligence, entre outros - e que dizem respeito aos limites (tecnológicos, éticos e morais) da evolução e do uso da inteligência artificial, assim como à eterna questão sobre o que significa realmente ser-se humano, onde começa e termina a humanidade -, a série adensa o fator mistério, com uma espécie de puzzle ou enigma latente e que várias personagens vão desvendando ao longo dos episódios - sendo que este será também o processo da sua autodescoberta.

A seguir - com particular interesse. :)  

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

FIRST IMPRESSIONS // STRANGER THINGS




Lembro-me desde sempre de ter um fraquinho pelo género do terror e ao longo dos anos fui desenvolvendo esta esta ideia de que não é fácil fazer um bom horror movie. Uma boa história é fundamental, independentemente do género, mas aqui sinto que pouco se inova, recorrendo-se mais clichés. Por isso, tendo a encarar as novidades neste campo com um misto de curiosidade e ceticismo.


Assim, foi com expectativas moderadas que me aventurei pela “Stranger Things”, uma websérie de suspense, ficção científica e terror criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer. And... so far so good. Não é uma série que nos faça saltar do sofá, mas embala-nos ao ponto de querermos ver o próximo episódio para saber o que irá acontecer. E embora a exploração psicológica das personagens seja um pouco superficial – encontramos alguns estereótipos comuns, sobretudo nos adolescentes –, é também um mimo para os fãs dos filmes de terror da geração de 80; eu pelo menos não consegui evitar recordar-me da protagonista do Pesadelo em Helm Street, Nancy, curiosamente com o mesmo nome de uma das personagens principais do Stranger Things. Nem resistir àquele cheirinho a old X-Files, que começa no título da série e prolonga-se em várias referências durante a história. E como ficar indiferente a Wynona Ryder, que me transporta sempre ao universo fantástico do Eduardo Mãos-de-Tesoura? O nome da atriz é o primeiro a surgir num genérico simples e bem conseguido, que nos sintoniza logo numa atmosfera eighties. Apesar de retro, a série acaba por ser refrescante, pela inovação que é ver o terror e o fantástico neste formato.

Destaque ainda para as personagens infantis, quanto a mim as mais “reais” do enredo, cuja dinâmica dá uma certeza leveza à série e contribui para nos ligar emocionalmente à história, sem que se caia excessivamente no lado cheesy.

Boas expectativas para os próximos capítulos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

REVIEW // HALT AND CATCH FIRE




Classificação: 9/10

De vez em quando surge uma série underrated. Longe de lançar confetis por ter descoberto um tesouro secreto, fico apreensiva e rezo para que o mundo perceba o que é claro para mim: que a série é excelente, já que os números ditam o investimento numa nova temporada ou o seu corte, normalmente definitivo.

Halt and Catch Fire é um exemplo perfeito da categoria “que série tão fixe, como é que não anda meio mundo a falar dela?”. Tem como pano de fundo a informática e consegue ser uma série dramática de topo, pela forma como explora um dos últimos e mais rápidos progressos da Humanidade e a nossa curiosidade e perseverança em encontrar soluções e em descobrir novas formas de comunicação.

Ao mesmo tempo, a envolvência emocional com as personagens, com um mais que bem-vindo elemento surpresa, que nos mantém sempre on the edge of our seats.

A série foca quatro personagens – Joe, Cameron, Gordon e Donna –, cada uma com uma característica única, um talento capaz de as elevar imensamente, mas também de fazer emergir o seu lado mais negro e (auto)destrutivo. Complexas e profundas, têm todas um papel crucial no desenrolar do plot. À medida que os episódios se sucedem, vamos percebendo que, apesar de cada uma ser especial à sua maneira, é quando trabalham em conjunto que a magia acontece – mas também os conflitos, que muitas vezes levam à rutura.

Destaco tudo o que é importante e que faz uma série brilhar: o argumento, os diálogos, a densidade psicológica das personagens, o elemento surpresa, a alternância entre momentos dramáticos e de humor, e a própria solidez da série, que vai já na 3.ª temporada e continua a manter níveis elevados de qualidade, sem episódios “para encher chouriços”.

Para quem nasceu antes da década de 90, ver alguns episódios é regressar no tempo às primeiras vezes em que comunicámos online (e o incrível que isso era), acedemos a uma música e até ao ruído do modem a ligar, num tempo em que se contavam e aproveitavam preciosamente todos os minutos na net.

Sem dúvida inspiradora para todos aqueles que se maravilham com o progresso, com a superação pessoal e com as coisas incríveis que conseguimos criar quando nos unimos em torno de um sonho.